Ernani Borges, o primeiro arquiteto de Dourados, deixou uma marca indelével na cidade através de sua arquitetura, criando lares e espaços que refletem a alma e as necessidades de seus moradores. Com um talento único e uma paixão inabalável por Dourados, Ernani merece uma homenagem à altura de seu legado, uma marca permanente em uma de suas obras mais significativas.
O pioneiro discreto que amava Dourados
Ernani Borges era mais do que um arquiteto – ele era um visionário que compreendia a essência das famílias para quem projetava. Extremamente discreto e carinhoso, Ernani não gostava de “se aparecer”, preferindo deixar que suas obras falassem por ele. Sua personalidade alegre e brincalhona colocava todos à vontade, criando conexões duradouras com seus clientes, que se tornavam grandes amigos.
Suas habilidades manuais eram excepcionais, desenhando com perfeição com as duas mãos ao mesmo tempo, uma característica que impressionava a todos que o conheciam. Mas, o que o tornava ainda mais único era sua abordagem cuidadosa ao projetar: ele gostava de passar tempo na rotina das famílias para entender como poderia criar espaços que verdadeiramente se integrassem ao dia a dia delas.
Reconhecimento em Campo Grande e a lacuna em Dourados: Enquanto o arquiteto Rubens Gil de Camilo foi homenageado com uma rua importante e com o nome no Palácio Popular em Campo Grande, em Dourados, o reconhecimento ao pioneirismo de Ernani Borges ainda é tímido. Embora a iniciativa da vereadora Daniella Hall em nomear uma rua tenha sido bem-intencionada, a escolha de uma localização “distante” não reflete a grandiosidade de sua contribuição para a cidade.
A proposta é que a homenagem a Ernani vá além de um nome em uma placa e esteja enraizada em uma de suas próprias criações – uma obra que represente sua dedicação à cidade e que permita às futuras gerações conhecerem o talento e a alma por trás de cada um de seus projetos.
Premiação anual de arquitetura e o verdadeiro tributo:
O vereador Fábio Luiz já deu um passo importante com o projeto da premiação anual “Ernani Borges”, que visa valorizar a arquitetura local. No entanto, a família e amigos acreditam que a homenagem ideal seria deixar a “marca” de Ernani registrada em uma de suas próprias obras, perpetuando não apenas seu nome, mas também seu talento e sua contribuição direta ao desenvolvimento urbano de Dourados.
Convite à Prefeitura e à comunidade
Agora, a cidade de Dourados é convidada a abraçar essa ideia e honrar um dos seus maiores arquitetos. A proposta é que a Prefeitura se engaje nessa homenagem e que a comunidade também se mobilize para reconhecer aqueles que, com talento, amor e dedicação, ajudaram a construir a cidade. Ernani Borges deixou sua alma impressa em cada projeto, e nada seria mais justo do que eternizar seu legado em um de seus trabalhos, tornando-o uma parte viva da história arquitetônica de Dourados.
Um pouco da Biografia
Natural de Porto Alegre, Ernani se formou em 1977 pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e escolheu Mato Grosso do Sul como cenário para sua carreira profissional no mesmo ano da divisão do estado de Mato Grosso. Seu nome está profundamente ligado à história de Dourados, onde ele chegou em 1977 e rapidamente se destacou, tanto pelo talento quanto pela dedicação ao desenvolvimento arquitetônico da cidade. Entre seus projetos mais emblemáticos está o Terminal Rodoviário Renato Lemes Soares, inaugurado em 1982, que permanece até hoje como um ponto central do transporte e mobilidade da cidade. Além disso, Ernani contribuiu com projetos para a Cidade dos Meninos, uma organização filantrópica, destacando seu compromisso não apenas com o urbanismo, mas também com o impacto social de suas obras.
Ernani também foi um dos fundadores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unigran, marcando sua importância na formação de futuras gerações de arquitetos em Dourados. Sua participação ativa na Sociedade de Engenharia e Arquitetura de Dourados, que mais tarde se transformaria na Associação de Engenheiros e Arquitetos de Dourados (AEAD), reforça sua contribuição ao desenvolvimento técnico e acadêmico da cidade. Durante a Copa do Mundo de 2014, Ernani voltou às suas raízes gaúchas para atuar no Comitê de Infraestrutura da Secopa em Porto Alegre, trazendo sua experiência para os preparativos e obras necessárias para o evento mundial.
Aos 70 anos, Ernani tratava de uma síndrome renal aguda. Seu funeral foi realizado dia 6 de julho de 2024 no cemitério Jardim das Palmeiras, em Campo Grande, onde familiares e amigos se despediram do arquiteto que deixou um legado de grande relevância para o desenvolvimento de Dourados e do estado de Mato Grosso do Sul. Homenagem e legado: A contribuição de Ernani para a cidade de Dourados vai além de suas obras arquitetônicas. Com uma personalidade discreta, ele se destacava pelo carinho e pela forma carismática com que conduzia seu trabalho, construindo não apenas estruturas, mas relações duradouras com seus clientes e amigos. Sua morte representa uma perda significativa, mas seu legado viverá para sempre nas obras que projetou e nos profissionais que inspirou. O arquiteto com os filhos, Thiana e Thiago.
Fonte da matéria: Jornal o Progresso